“Pior do que a ausência do amor, é a memória do amor.”
Lua crescente em Amsterdã
“Se por acaso alguém tinha pensado em comprar um novo fio dental, por que este estava no fim. Não está, respondi, é que ele se enredou lá dentro, se a gente tirar essa plaqueta (tentei levantar a plaqueta) a gente vê que o rolo esta inteiro mas enredado e quando o fio se enreda desse jeito, nunca mais!, melhor jogar fora e começar outro rolo. Não joguei. Anos tentando desenredar o fio impossível, medo da solidão? Medo de me encontrar quando tão ardentemente me buscava?”
Noturno amarelo
Em Seminário dos ratos, o leitor é convidado para mais fascinante das travessias: distinções rígidas entre realidade e fantasia, ação intencional e impulso inconsciente, cultura e natureza – tudo, enfim, é dissolvido num horizonte onde formigas podem reconstruir a ossada de um anão; um amor malogrado é preservado pela memória para um futuro incerto; a miséria de uma família de favelados parece esquecida diante de um programa de televisão; ratos não tomam conta apenas de um seminário mas se concentram para deliberar, talvez, sobre o país...
Lygia Fagundes Telles
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