Depois de sair do ensino médio, dei um tempo pra tomar um ar. Amo ler e escrever, mas quando o troço era por obrigação dava uma preguiça, parecia que o cérebro deixava de funcionar, nada fazia sentido, Português se tornava Grego.
Hoje resolvi resgatar os livros de Português e Literatura, descobri algumas paixões, relembrei outras e encontrei um texto que acho muito bom...
Eis o texto:
MEU PROFESSOR DE ANÁLISE SINTÁTICA
Meu professor de análise sintática era do tipo do sujeito inexistente.
Um pleonasmo, o principal predicado da sua vida,
regular como um paradigma da 1º conjugação.
Entre uma oração subordinada e um adjunto adverbial,
ele não tinha dúvidas: sempre achava um jeito
assindético de nos torturar com um aposto.
Casou com uma regência.
Foi infeliz.
Era possessivo como um pronome.
E ela era bitransitiva.
Tentou ir para os EUA.
Não deu.
Acharam um artigo indefinido em sua bagagem.
A interjeição do bigode declinava partículas expletivas,
conectivos e agentes da passiva, o tempo todo.
Um dia, matei-o com um objeto direto na cabeça.
Paulo Leminski
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