Já passam algumas semanas desde que saiu a 3ª edição de “O Sino do Campanário” do notável escritor caxiense Uili Bergamin.
Adquiri o livro e o devorei numa bocada só.
É maravilhosa a sensação que os contos nos trazem. Desde a nota do autor, que já comentei na 2ª edição do mesmo, até sua última página, ele simplesmente apaixona. Traz todas as emoções típicas da paixão. Os textos são envolventes, algumas vezes sentimos raiva ou alegria, temos medo, nos sentimos corajosos, encontramos amigos, nos despedimos de amores, descobrimos amores. Enfim, é a vida com todas as suas faces presentes em cada dobrar de sino.
No conto “O sino do campanário”, certamente vivemos e tememos todas as angustias do personagem. Não precisamos ser padres nem ter quase setenta anos para nos assustarmos com a realidade, para nos arrependermos de ter querido agradar os outros, para não nos entender e não entender um monte de coisas por aí. Nos faz ter vontades estranhas, as vezes queremos sumir ou até nem existir. Tantas vezes desejamos ter um sino e embalar nele todas as vozes que estão presas, badalar bem forte nossas angustias num grito mudo, o grito que não quer calar.
Uili consegue fazer isso em cada um de seus contos. A terceira edição ficou especialmente bonita. Os textos foram retrabalhados e ficaram ainda melhores. O conto “A ilha mágica” foi retirado, pois ganhou vida em um livro infanto-juvenil, muito lindo por sinal. A novidade são dez minicontos inéditos. Ouso dizer que um dos minicontos resume, se é que é possível resumir algo tão completo, a grandeza, a beleza, a inteligência e a coragem do autor em sua criação, citado abaixo:
Agora
Sim ao instante. Ao fazê-lo, não é só a nós que aceitamos, mas a toda a existência. Se nossa alma vibrar, como uma corda, ressoando de felicidade uma única vez, é por que a eternidade era necessária para produzir tal acontecimento. E o todo fica, por esse único átimo, justificado.