No último dia 25 de novembro, tive a oportunidade de participar de um painel de debates com os temas agricultura familiar e o uso de agrotóxicos nos alimentos, promovido pela Associação dos Engenheiros Agrônomos da Encosta Superior Nordeste (Aeane). Com os palestrantes: Neuri Frosa, engenheiro agrônomo; Eduardo Ernesto Filippi, professor da UFRGS formado em economia, pós graduado em desenvolvimento rural; José Menten, engenheiro agrônomo representante da ESALQ.
Participaram do encontro estudantes, engenheiros agrônomos, líderes sindicais, agricultores e docentes da UCS.
O debate levantou muitas questões a serem pensadas, estudadas e encontradas soluções, porque do contrário poderemos entrar em uma “bola de neve” que rolará aniquilando a agricultura familiar. Agricultura esta que representa 84,4% do total dos estabelecimentos do país, 70% de toda a oferta de alimento, emprega 75% da mão-de-obra no campo e responde por 11% do PIB. Segundo dados do senso agropecuário divulgados pelo IBGE em 2009.
“Destruam as cidades e conservem os campos e as cidades ressurgirão: Destruam os campos e conservem as cidades e estas sucumbirão.”
Abraham Lincoln
A agricultura familiar é caracterizada por ter a família como gestora da unidade produtiva, normalmente em terras próprias, e por mão-de-obra famliar na maior parte.
Apesar da grande importância desse setor na alimentação do país, a agricultura familiar, passa hoje por alguns dilemas, como a questão da sucessão nas propriedades rurais, o uso intenso de agrotóxicos, desorientação no manejo dos recursos naturais, entre outros.
“Não herdamos a terra de nossos pais, mas tomamo-la de empréstimo de nossos filhos”.
Arthur Primavesi
A idéia de uma vida melhor na cidade vem tirando o trabalhador do campo. O saldo atual das propriedades rurais está masculinizado e envelhecido. O que aponta a falta de incentivo aos agricultores, carência em orientação de manejo e cultivo, a desvalorização dos produtos onde quem realmente tem lucros são os mercados e quem sai prejudicado sempre é o agricultor que recebe pouco pelo que vende e o consumidor que paga muito pelo que compra.
Visto que a agricultura familiar é fundamental para a sobrevivência do país, algumas coisas precisam ser conhecidas, esclarecidas e mudadas. O agricultor precisa sentir-se satisfeito novamente em trabalhar na terra, precisa ter uma vida digna, precisa ter boas perspectivas para o futuro. E certamente ajeitando um ponto em desequilíbrio todo o sistema entrará em ritmo de reorganização.